segunda-feira, 16 de julho de 2007

Hino à Hécate

Virgem infernal, intocada e gloriosa,
De Ceres a guia, tochas às mãos
levou-a pela Noite à procura da filha.
Canto-a, divinal Hécate, a Trivia,
da belíssima Proserpina a sócia.
Ó Hécate, das virgens imaculadas,
tão somente, agrata-te a companhia,
pois muito prezas o Pudor e a Modéstia.
Santa deusa infernal, na primavera
à Juno Averna escoltas ao preclaro
Olimpo cuminoso, onde mãe e linda
filha em luz e paz se reencontram.
Bento teu ministério, Hécate dos
flamejantes e luminosos archotes.

sábado, 14 de julho de 2007

Deuses Lares

Que são os deuses Lares? Ora, em Latim, Lar significa "lareira", "lar", "casa". Seriam eles, assim, deuses domésticos que protegem a habitação e a família. No entanto, sua origem está vinculada ao nascimento de Júpiter.

Segundo Hyginus, quando Júpiter nasceu, Juno pediu a Opis ( Rhea ) que lhe desse o bebê sob sua guarda uma vez que Saturno já havia confinado Orco ao Érebo e Netuno sob as águas do mar e prometera devorar o recém-nascido. Comovida, Opis deu-lho a ela que o escondeu em Creta, na gruta de Dicte. Amaltea tomou-lhe guarda e alimentou-o, já que Juno era apenas uma bela e formosa menina. Saturno, revoltado, saiu em perseguição ao filho por todo o mundo. Quando o Deus menino chorava, Amaltea chamava jovens que batiam com as espadas nos seus escudos de bronze, fazendo tanto barulho que Saturno não conseguia ouvi-lo. Ora bem, na Grécia esses jovens chamavam-se Curetes, em Roma, Lares.

Portanto, da mesma forma que os Lares protegeram a Júpiter, protegem também a nossas habitações e famílias.

Hyginus, Fabulae 139.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Hino a Zeus Salvador

Ó Zeus, sumo padre todo-poderoso, do Destino e do Universo monarca imperioso. Ó Zeus, deus dos suplicantes, atende à minha prece dita em língua bárbara.

Santo padre, és tu a razão, és tu a inteligência, és tu o império sólido da bondade. Foste apenas tu que ensinaste aos homens que o corpo e a alma em oposição vivem. Se este meu corpo à mãe Terra pertence, minha alma imortal aspira a viver junto a ti, no teu glorioso reino celestial.

Ó santo santíssimo, deus absoluto e supremo, da Discórdia sou fruto, do ferro vem meu coração. Piedade, santo pai, e livra este filho da Terra, descendência terrível de Licaão, da angústia e da aflição que aos mortais é selvagem condição.

Ó tu, Zeus bem-aventurado, pai dos deuses e dos mortais, sejam em mim tuas dádivas, seja em mim teu augusto entendimento, posto que, como tu ensinaste, só a razão livra do mal o homem, só na sabedoria existe para a alma a salvação.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Hino Órfico à Hera

Ó Rainha abençoada, ó deusa, és tu Hera, mulher e irmã de Zeus.
Ó tu que reinas sem par sobre a raça dos homens, tua atenção invoco e suplico.
O ar sublime que respiro é suave como tu. És tu, madre divina, que me nutres com a vida, e inspiras-me cada desejo que arde, aqui, no meu coração.
É esta tua graça, ó rainha entre rainhas, deusa entre deusas.
Mãe das nuvens, compartilhas comigo do teu divino temperamento,
Dá a mim a benção da tua graça, dos talentos que só tu os tens.
Com a benção dos ventos que a ti pertencem, com o mover-se do mar, da terra e dos céus,
Vem a mim, ó imortal bem-aventura, ó deusa Hera do sólio de ouro,
Sê a mim benevolente, acolhedora e serena.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

O que é uma divindade "alegórica"?

As divindades "alegóricas" - como Força, Poder, Loucura, Petulância, Fortuna e tantas outras - são assim designadas por não terem "vontade própria" como as demais divindades quer Olímpicas, quer Telúricas quer Subterrâneas.

Por exemplo, na peça de Ésquilo "Os Persas", vemos como a Loucura ( Até ) leva Xerxes à derrota. Porém, a Loucura não tem uma forma definida, não tem personalidade como Marte, Minverva ou Vênus. Ela simplesmente obedece às ordens de Zeus, que "pune os mortais, soberbos em demasia, que pretendem rivalizar com os deuses". Ou seja, ela é um "instrumento" da justiça, ou da vontade, divina.

Em "Prometeu Acorrentado", a Força e o Poder ladeam Vulcano enquanto este prende Prometeu. Vulcano sente-se mal por o fazer, porém a Força e o Poder não exprimem qualquer sentimento, são apenas agentes da vontade de Zeus.

Portanto, Sonho, Sono, Lei, Decência, Pudor, Luxúria, Poder, Loucura e outras tantas divindades que povoam o imaginário da mitologia greco-romana não são nada mais do que os "agentes" das vontades dos deuses soberanos, como Júpiter, Juno, Miverna, Vênus, Prosérpina e outros mais.

Qualquer dúvida sobre isto, abra a Ilíada, Livro I, e leia como Zeus convoca o Sonho para enganar Agamenon. O Sonho - uma divindade alegórica - simplesmente lhe segue o comando, sem hesitações ou sem demonstrar qualquer traço de personalidade.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Deuses Alegóricos: Disciplina, Êxito e Salvação

"Invoca os deuses, mas conduz-te sabiamente. Pois, a Disciplina (Peitharkhia) é a mãe do Êxito (Eupraxia), esposa da Salvação (Soter) ".

Ésquilo

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Mês Julho em honra de Júlio César

Júpiter à orbe observava. Triste seu semblante! Sobre os campos de Ceres, quase por todo mundo, nem paz nem lei havia, barbárie apenas.
Imperioso, o Pai Omnipotente, a suprema potestade, Vênus, sua filha, ao palácio dos céus a convocou e assim lhe ia dizendo:
"Filha querida, do Amor e dos sorrisos a mãe, da latina gente, da sagrada Roma, a absoluta guardiã. Lá justiça impera, há ordem pública, boa fé e piedade. Ao mundo, tão rude, tudo isto falta. De um dos seus, nume o farei, e dar-lhe-ei o comando das ínvias terras, onde preceitos de Licaão inda imperam, e ele irá domar os selvagens, impor-lhes pias leis, punir os soberbos e proteger os humildes".
Exultante, Vênus à sua santa Roma desceu. Lá, junto de Juno Lucina, viu César nascer. Chamou a si a gloriosa Palas Minerva e o terrível Marte, ambos em harmônia, ao nato educaram. Justiça, Concórdia e Persuasão, todas elas e mais as Graças, os passos do deus menino, atenciosas, acompanharam.
Com as armas e a palavra, César pacificou o mundo. Aos aspérrimos povos, deu-lhes sacros mandamentos, deu-lhes a escrita e a cultura, fez a luz santa do pai Jove sobre a Europa refulgir.
Assim que a alma de César do seu corpo mortal se libertou, todos os deuses se perfilaram a receber nos céus o novo nume, o libertador dos povos do vício da brutalidade. Em sua honra, Juno assim proclamou: "Que se siga ao meu mês, o mês do homem tornado deus. Assim, depois de Junho, venha Julho, do piedoso Júlio César, e que todos os imortais e mortais saibam, esta gente latina, como a argiva, pelasgos ambos, sempre foi também minha!"
E, em honra aos trabalhos de Júlio, Julho leva-lhe o nome.