sexta-feira, 22 de junho de 2007

A Justiça de Zeus

A concepção de justiça ( Diqué ) dos antigos gregos é um tanto difícil de ser entendida por nós, que temos uma moral baseada no catolicismo. Geralmente, procuramos encontrar a nós próprios nos autores da antiguidade e o resultado é um desastre que faz lembrar um pouco os americanos comentando a Bíblia, e nela encontrando a profecia do "arrebatamento" e coisas alucinógenas do gênero.

Pois bem, um dos autores que mais sofre o efeito da leitura moderna de seus textos é o pobre Hesíodo. Por todo o canto, ouço e leio que ele é o "defensor da justiça", introduz o conceito de "Diqué" ( que não é um conceito, mas uma deusa ) no "solo da história grega". Pois bem, não o discuto, não sou louco, e fico na minha. Mas blog é blog e então digamos a verdade, Hesíodo defende a justiça, sim, entretanto de uma maneira muito limitada e particular. No seu texto "Os Trabalhos e os Dias" ele adverte-nos claramente que:

"Devo dizer que nem eu mesmo sou justo entre os homens nem meu filho, posto que é mau ser homem justo, se o injusto vai ter maior justiça" ( 272 ).

Ora, como Hesíodo mesmo diz, "versátil é o espírito de Zeus, portador da Égide, e difícil de se compreender para os homens sujeitos à morte". E essa mesma "versatilidade" deve ser aplicada aos assuntos humanos: ao justo a justiça, ao injusto a injustiça. Mesmo que isso não seja o ideal, assim é a vida.

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